Convite �s mulheres do Luso
Um apelo �s mulheres do Luso, para que escrevam e n�o se limitem a ler e a engolir o que sentem. Tenho a certeza que t�m muita coisa para dizer, umas mais importantes que outras, e a certeza, tamb�m, que ser�o participa��es f�rteis e bem recebidas. Um convite a derrubar as paredes dos embara�os e dos sil�ncios. ?You are welcome to? Luso e ao dever de falar?For�a!
You are welcome to Elsinore
Entre n�s e as palavras h� metal fundente
entre n�s e as palavras h� h�lices que andam
e podem dar-nos a morte violar-nos tirar
do mais fundo de n�s o mais �til segredo
entre n�s e as palavras h� perfis ardentes
espa�os cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crian�as sentadas
� espera do seu tempo e do seu precip�cio
Ao longo da muralha que habitamos
h� palavras de vida h� palavras de morte
h� palavras imensas, que esperam por n�s
e outras, fr�geis, que deixaram de esperar
h� palavras acesas como barcos
e h� palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posi��o
Entre n�s e as palavras, surdamente,
as m�os e as paredes de Elsenor
E h� palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ileg�veis � boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras imposs�veis de escrever
por n�o termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os bra�os dos amantes escrevem muito alto
muito al�m do azul onde oxidados morrem
palavras maternais s� sombra s� solu�o
s� espasmos s� amor s� solid�o desfeita
Entre n�s e as palavras, os emparedados
e entre n�s e as palavras, o nosso dever falar
(M�rio Cesariny)