In Diário de Coimbra

Escolhi propositadamente esta versão da notícia pois pareceu-me a mais completa:

" Luso quer estatuto de Termas de Vichy portuguesas

Revolucionar o modelo de oferta termal e turística do Luso é o propósito do projecto “LusoInova”, que tem como parceiros a Câmara da Mealhada, a Universidade de Coimbra e as Águas de Luso. Na calha, estão vários projectos, que pretendem transformar o Luso nas Termas de Vichy portuguesas

Foi ontem rubricado na Câmara da Mealhada, o protocolo de cooperação entre a Câmara da Mealhada e a Universidade de Coimbra tendo em vista a realização de um estudo intitulado “LusoInova – Pólo de Saúde, Beleza e Bem-Estar”, definindo um plano estratégico que, no fundo, resulte na transformação completa daquilo que é hoje o modelo de oferta turística e termal do Luso. Neste projecto está ainda envolvida a Sociedade das Água de Luso.
«Todos sabemos das enormes potencialidades do Luso, articulando o conhecimento dos especialistas da Universidade, com os meios do poder local e do meio empresarial, a Sociedade da Água do Luso, poderemos aproveitar melhor os recursos que este meio (Luso) nos permite», referiu o reitor da Universidade de Coimbra, um dos signatários do protocolo, que não deixou de fazer uma comparação do potencial desta região com outros casos, nomeadamente com as Termas de Vichy. Segundo o mesmo, existem condições para uma espécie de requalificação profunda daquilo que é hoje a marca Luso, a partir das suas condições naturais e da sua água.
Já Carlos Cabral, presidente da Câmara da Mealhada, deu conta que, numa primeira fase, «as nossas preocupações enquanto autarquia foram para a satisfação das necessidades básicas da população, como já atingimos um patamar elevado em indicadores como abastecimento de água, esgotos e saneamento, penso que estamos agora em condições de estudar e explorar outras áreas». É a partir desde pressuposto que o autarca refere a aposta feita no estabelecimento deste protocolo. «A água é a nossa riqueza local, e é tendo por base este recurso, que entendemos partir para a execução deste estudo, que nos permita explorar todos os recursos da água».
Frederico Teixeira, será o professor da Universidade de Coimbra responsável por este trabalho. Em declarações ao nosso Jornal deu conta que este trabalho assenta fundamentalmente em três vectores. O primeiro passo pela criação no Luso de uma Unidade de Investigação do Envelhecimento. «Penso que a partir do conhecimento e saber da Universidade, dos seus recursos humanos, será perfeitamente possível pensar-se no estudo para a implementação de uma unidade desta natureza», referiu. Um segundo vector está associado à criação de uma unidade industrial de cosmética. «O que vamos fazer é definir as propriedades úteis, do ponto de vista da saúde e cosmética industrial, e julgo que existem todas as condições para uma indústria destas ter viabilidade económica».
Um terceiro vector passa, segundo o mesmo, «pelo desenvolvimento económico que, a partir daqui, se pode promover, em torno destes projectos, mas essa será uma competência da própria autarquia, a exploração dos meios que permitam a criação de riqueza e a criação de novos empregos».
Frederico Teixeira referiu ainda que, «não é ao acaso que se dá como termo de comparação as Termas de Vichy, pois é preciso não esquecer que em 1910/11, as Termas do Luso eram exactamente consideradas como as Termas de Vichy portuguesas, e é tentar aproximar o Luso desta realidade que pretendemos». Para além destes serviços, o projecto prevê ainda a avaliação das possibilidades de instalação local de empresas do ramo farmacêutico em unidades de investigação e produção; perspectivação de instalação de clínicas de estética, de recuperação e de prevenção; proposta de requalificação da oferta hoteleira e termalista.
De acordo com Frederico Teixeira a maior dificuldade deste estudo é o seu «prazo de validade», pois segundo o mesmo, o trabalho terá que ser elaborado no tempo recordede 15 meses. A primeira reunião já está marcada para amanhã, pois «não temos tempo a perder», concluiu."

Há aqui dois ou três pontos que eu gostaria de destacar:

1º - vejo sempre como altamente positivo qualquer tipo de iniciativa que vise a criação de novos vectores de desenvolvimento local. Foi justamente sobre este assunto que escrevi há uns anos no Jornal da Mealhada (na altura, não faltou quem me chamasse "lírico"). Vejo agora com satisfação que há uma tentativa de seguir esse caminho.

2º - Se vejo com bons olhos a aposta na cosmética, não vejo com bons olhos a insistência no vector "investigação do envelhecimento". Apesar de o envelhecimento da população ser um facto incontornavél, é justamente nos produtos para a "juventude" até aos 50 anos, que Vichy e outras marcas de cosméticos têm apostado (e ganho). Espero que esta frase não seja indicio de se ir apostar num vector cuja dinâmica de mercado, está mais do que preenchida.

3º - O Luso, já teve produtos de cosmética, nomeadamente pasta de dentes e spray de água, cujo sucesso foi muito relativo. A própria Sociedade já tinha estudado o assunto, há relativamente pouco tempo e, segundo me disse uma pessoa que estava muito próxima da administração da altura: o projecto foi abandonado por falta de viabilidade de mercado (será que se alterou o mercado entretanto?)

4º - É com alguma curiosidade que vejo o director clínico do balneário das Termas da Curia a liderar o processo. Espero que isso, não seja, a par com o suposto curto prazo, razão para que o estudo não seja concluido a tempo. O Professor Doutor Frederico Teixeira, é um homem de imensa capacidade de trabalho e honestidade, que veste (às vezes até com comoção), a camisola das termas das Curia: Espero que lhe sobre todo o tempo (já que dedicação nunca lhe faltou), para abraçar também este projecto, desta vez, no concorrente mais directo da Curia.

5º - Uma grande salva de palmas a todos os que tomaram a iniciativa de elaborar este estudo, mas por enquanto, não abro a garrafa de espumante: Agora é tempo de TRABALHO!

A ver vamos...