A colher de chá
Há algum tempo, havia uma telenovela em que um célebre professor primário se acercava da casa de uma certa senhora com a frase:«Posso penetrá?». Decerto que sabem que estou a falar-vos do «Roque Santeiro».
Pois bem, o mesmo professor era também o pricipal suspeito por se transformar em lobisomem nas noites de quinta-feira em que havia lua cheia. Igualmene era famoso pelos seus discursos, cheios de chavões e palavras meticulosamente «salteadas» do dicionário. Os discursos eram quase sempre inconsequentes, vazios, e irrelevantes, mas como ninguém os entendia e o homem tinha um cargo importante lá no vilarejo, toda a gente acabava por aplaudir. Confesso que a cereja em cima do bolo, foi no momento em que ele utilizou a palavra «probóscideo» para descrever os elefantes (cujo nariz flexivél e musculado se chama de probóscido) que o general Anibal (não o Silva, mas o Cartaginês) tinha utilizado para transpor os Alpes e vencer os Romanos numa famosa batalha especialmente marcada pela audácia e pela surpresa.
Quando pretendemos falar para uma plateia, é necessário adequar o nosso código ao código cognitivo dessa plateia e não o contrário. Esgrimir palavras caras é como falar aos gritos na esperança de se ter mais razão por esse facto. O problema é que, hoje em dia, seja por uma razão ou por outra, o comum dos mortais já não se deixa impressionar por esta moda rugosa, gasta e ridícula. Até porque, na maior parte dos casos, há palavras de uso comum que podem mais facilmente exprimir a mesma ideia, evitando assim o ridículo ao locutor.
Igualmente, se um qualquer moderador de um painel de oradores, tentar por ordem na casa, o mais provavél é que os oradores lhe começem a bater e a gritar indignados:«mas porque é que esse comentário não fica nas actas?». O problema, é que muitas vezes, há mais preocupação com a esgrima inter-oradores e menos com a mensagem que é realmente transmitida á plateia. Mesmo que o moderador seja discreto, dando uma colher de chá a um dos oradores, dando-lhe a oportunidade de estar calado, e não prosseguir mais por uma caminho que levará exclusivamente ao insulto, o mesmo orador, salta normalmente da cadeira, vitimizado-se e dizendo-se indignadissimo com a manipulação a que esta sujeito, não entendendo que a única coisa que se está a tentar fazer, é a de transmitir uma mensagem com algum conteúdo (mas pouco) á plateia - destinatários do discurso (julgo eu). Igualmente saltam os outros oradores, mortinhos que estavam pelas vigulas mal posicionadas do primeiro, irritados pela perca de oportunidades de esgrima e preocupados com aquilo que julgam ser uma protecção, recusando-se a ver que a única coisa que se quer proteger é o conteúdo da mensagem dada á plateia.
E quem é que tem a culpa?... É claro que é o moderador, pois então. Armou-se em «madre teresa de calcutá» e perante a sua colher de chá, aquilo que acabou foi por levar com as culpas de o discurso «já estar a cheirar mal» a toda a plateia.
Resta-lhe, como é óbvio, levantar o serviço de chá (incluindo os bules, as chaleiras, as chávenas, os pires e é claro, as colheres) e ir pregar para outra freguesia, e talvez, quem sabe, trocar o serviço de chá por uma serviço de café (pelo menos as colheres sempre são mais pequeninas e fáceis de tomar).
Touché, e final de combate com a eliminação do Gato por acomulação de toques.
Aguardemos por outra competição....
19 Comments:
Caro cão danado
Vitimização assinando com um nickname?... Acha realmente que isso faz sentido?
Sinceramente sr. Gato! Acha que o abandono das responsabilidades por opiniões distintas e eventuais dissonâncias denota uma postura assertiva e assumida?
Um Rei tem de manter sempre a côrte na expectativa da acção mesmo sem saber como agir de seguida! Olhe que um reinado desorientado é um barco afundado. E se eu me fosse deixar abater por saber das conspirações que pairavam sobre a minha coroa, acabaria por morrer às mãos de quem me queria ver pelas costas sem que estes tivessem de fazer qualquer esforço para me obrigar a tal.
Sr. Gato, essa postura não se coaduna com a sua postura de sempre. Apesar de ser evidente, para muitos, a permanente tentativa de protecção ao Sr. JC (que, a ser assim, até nem discordo porque, apesar de tudo, ele é do Luso), esta postura seria típica dele e não de si. Por isso, retire o lenço preto da janela e levante o queixo... há luz lá fora.
Olha lá D. Sebastião: Lá por seres o desejado, não digas que eu preciso de guarda-costas. Será por causa dos teus guarda-costas , que te abandonaram em Alcácer Quibir, que tu és assim revoltado? Pondera bem Amigo, porque tu até sabes e escreves umas "coisas" à maneira.E olha que a protecção eu só quero a divina...
Ó Timpanas eram só 37 elefantes, pá! 2/3 dos seus guerreiros por causa dos elefantes?!
Olha que eles destroçaram o exército romano, pá.
Caro Gato
Este post junto com o "Pão e circo" revela-nos um bichano acomodado, mansarão e dorminhoco que rejeita qualquer barulho exterior que perturbe o seu estilo de vida.
O pior é se nesse dormitar lhe pisam o rabo e quando acordar já for tarde para se defender!
Então a maioria determina e o resto deve estar calado?!!!
Acorde que a vida é curta e é para ser vivida e não para fugir.
Só assim valerá a pena esta passagem. Experimente !
´´Aníbal organiza um grande exército com cerca de 9 mil cavaleiros, 50 mil soldados de infantaria e 34 elefantes de guerra e, em 218 a.C´´ - parece-me que não eram assim tantos elefantes como há hoje em dia…
TIMPANAS :
2.ª GUERRA PÚNICA
Aníbal Barca odiava os romanos e fez uma grande expedição sobre os Pirinéus e os Alpes rumo a Itália. Em Tesino e em Cannes derrotou os romanos que eram comandados por Fábio. Ano 218 a.c..Nessas batalhas os elefantes transportavam os soldados em torres e tiveram uma acção devastadora nas hostes romanas. O General romano Públio Cornélio Cipião, mais tarde cognominado CIPIÃO O AFRICANO, atacou Cartago, obrigando Aníbal Barca a regressar em defesa da sua terra natal e aí, sim, Aníbal foi vencido, em ZAMA e depois numa outra batalha em que os romanos foram auxiliados por Massinisa, rei dos Numídias.Aníbal Barca teve de ceder a Hispânia e fugiu, vindo a suicidar-se no ano de 183 a.c..
Os romanos perderam uma batalha com os cartagineses. Eram 80.000 homens que o Comandante Romano FÁBIO comandava. Sim, 80.000 homens!!!
...raios parta a minha internet...é o que dá não ter ADSL...assim vocês chegam à informação sempre primeiro que eu. Ou querem convencer o resto da malta que sempre se interessaram pelo Anibal e que sabiam tudo isso de cabeça???...haja pachorra...
Éééééé... láááááa.... tenho de dizer á Renata Vanessa para vir aqui mais vezes.... is parece um documentário do Zé Hermano Saraiva.... Cóltura, é o questá na moda...
E um elefante de tromba cor-de-rosa??? (sem ofensa ao PS)...
LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL
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eu hoje tou mesmo bem disposto...
Urtigão : As Guerras Púnicas eram tema obrigatório em História no 4.º Ano, hoje 8.º ano.
...pois pois Jorge...e tu lembras-te de tudo o que aprendeste nessa altura, principalmente desses "promenores" do Anibal e dos e do numero de elefantes utilizados...a minha memória não dá para isso...
Por acaso até me lembro desses pormenores e da polemografia de algumas batalhas das guerras púnicas que foram duas. Lembro-me do meu professor Manuel Henriques que era um obcecado por estas coisas. Só dava, no máximo, 13 valores. Era jogador da Académica e tinha um grande coração. As aulas eram dadas num pavilhão pré-fabricado na entrada da Brotero em Coimbra.
Eu gosto muito de História e sou um aficcionado pela leitura desta matéria.
Estou a ser sincero.
É aquilo a que designamos por "memória de elefante".
E «merxe», «remerxe» ...
Sua Majestade El-Rei : Eu, o plebeu, que não desapareceu e não vai aparecer numa manhã de nevoeiro adquiri uma postura de profeta. Cumpram-se as profecias.
fonix....
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