1.2.07

Manuel Pinho in China

Acho o ministro Manuel Pinho um castiço. Uma daquelas pessoas que sempre levamos na brincadeira e com a qual é impossível antipatizar.
A não ser que ele comece a falar a sério.
Foi o que aconteceu na China, interessada em penetrar na Europa. Para convencer este país a investir em Portugal, disse que tínhamos a mão-de-obra mais barata da União Europeia. E isto é imperdoável. Somos pobres mas não era preciso dizê-lo. Ou então tinha-o dito em chinês. Doía menos. A oposição até ficou com os olhos em bico e já exigiu ao Sócrates que acabe de vez com estas chinesisses do Manel.
Se não acredita veja no diário digital

5 Comments:

At 2/02/2007 11:45:00 da manhã, Blogger teófilo said...

Acho que não faz sentido a polémica. Imaginem que vocês são vendedores. Querem vender os vossos produtos a alguém. É óbvio que vão explorar todas as características que poderão ser de interesse para o eventual comprador, como a qualidade do produto comparativamente com a concorrência e, se for esse o caso, também o preço mais baixo.
Aqui trata-se da mesma coisa. Manuel Pinho queria vender Portugal como uma porta de entrada na Europa para as empresas chinesas e limitou-se tentar convencer porque razão nós somos melhor opção que, por exemplo, Espanha. Naturalmente, entre outros factores, os actuais custos com a mão-de-obra são uma das razões que poderá ser tida em conta por parte dessas empresas na tomada de decisões de investimento.
A economia funciona assim, os salários só crescem se houver crescimento e desenvolvimento económico, e para isso é preciso investimento, nomeadamente estrangeiro.

 
At 2/02/2007 03:43:00 da tarde, Blogger D'artagnan said...

O investimento estrangeiro é sempre efectuado segundo um modelo de investigação operacional e um estudo comparativo, com o desenvolvimento de um modelo assente no teorema das vantagens comparativas (vulgo modelo H.O.S.). Para um investidor, a produtividade dos funcionários, é sempre o vector mais importante (quando se analisa a questão dos custos com o pessoal), e não a questão de ser uma mão de obra barata, muitas vezes sem nenhuma especialização e assim, com baixos indices de produtividade. Não é um bom cartão de visita (a menos que ainda se viva segundo o modelo de desenvolvimento do choque económico induzido pelo FMI em 1979) apresentar como vantagem a mão de obra barata, pois se é barata é porque recebe pouco e se recebe pouco tem pouco dinheiro para gastar. Assim o mercado interno é pouco atractivo. Por outro lado, se se está a convidar os empresários chineses a investir aqui, para depois exportarem (não se preocupando com o fraco poder de compra do mercado interno), então está-se a dar um tiro no pé, uma vez que para isso, não eles precisam de sair do próprio pais (que é "O" vedadeiro Oásis da Mão de obra barata).

Para qualquer investidor internacional, o rácio custos com pessoal//produtividade//impostos é claramente ganho pelas economias emergentes na Europa de Leste, pelo que teremos obrigatóriamente que apresentar o nosso país em moldes diferentes dos apresentados pelo Sr. Manuel Pinho.

As vantagens comparativas de Portugal sobre os seus mais directos concorrentes, centram-se no facto de ser uma das primeiras portas de desembarque de produtos para a Europa, no facto de possuir relações previlegiadas com os países lusófonos e com os seus mercados, nos clusters do vinho e cortiça (tal como foi estudado no relatório Porter que custou alguns milhões a Portugal para depois ser esquecido na Gaveta), e nos serviços, nomeadamente no turismo (o estudo orientado pelo Dr. Hernani Lopes sobre as tendências do turismo para o primeiro quartel do Sec. XXI, vem justamente alertar paraa importância dos mercados emergentes a Oriente). - tudo sectores em que a nossa mão-de-obra possui altos indices de produtividade e especialização, pelo menos nas empresas que conseguem ser competitivas internacionalmente.

Desculpar o Dr. Manuel Pinho em mais esta tolice, significa apenas concordar com a direcção de um ministério nas mãos de alguém que não faz a menor ideia do que lá anda a fazer.

Touché...

 
At 2/02/2007 04:02:00 da tarde, Blogger Jerico & Albardas, Lda. said...

As coisas que a gente aprende neste blogue.

 
At 2/03/2007 12:30:00 da manhã, Blogger teófilo said...

Gato, segundo o teu ponto de vista e as vantagens comparativas de Portugal, a Auto Europa nunca teria vindo para Portugal. De facto temos clusters na indústria automóvel, mas a Espanha também tem e até está mais perto do centro da Europa. Imagino que quando a Auto Europa veio para Portugal, uma das razões terá sido o custo da mão de obra mais baixo.
Ainda assim, concordo contigo que as vantagens comparativas que referiste são as mais sustentáveis a longo prazo, no entanto são insuficientes para trazer investimento suficiente para Portugal.
Assim, no curto prazo há que realçar nos potenciais investidores outras vantagens que Portugal possa ter, mesmo que sejam apenas de curto prazo (esperamos nós), comparativamente com outros países europeus, neste caso o custo da mão-de-obra. Por outro lado, é preciso trabalhar internamente para no longo prazo termos outras vantagens comparativas que nos permitam atrair investimento que requeiram mão-de-obra mais qualificada. Mas para lá chegarmos há ainda um longo percurso a percorrer, que não passa só pela formação, mas também por criação de novos clusters e outras infraestruturas.

Um abraço!

 
At 2/05/2007 09:10:00 da manhã, Blogger D'artagnan said...

Ora, aí está: o exemplo da Autoeuropa (que é só o principal responsavél pelas exportações de Portugal). Recordas-te certamente do longo período de negociações que antecedeu a implantação dessa fábrica em Palmela. Negociações essas, que na altura eram tidas entre Ford/Volkswagen e o goveno português? Achas que estariam (apenas) a negociar niveis salariais para uma empresa privada?

A principal razão da vinda da Autoeuropa para Portugal, prenderam-se com o alto patrocinio do Estado português em termos de terrenos, infraestruturas, acessibilidades, insenções e é claro a aplicação de doses maciças de fundos estruturais. Poderás então argumentar que a Espanha gozava na altura, das mesmas possibilidades de Portugal - é verdade! Mas pelos vistos, o porto de Lisboa é mais apetecivel para quem pretende fazer a produção mundial de um modelo, nomeadamente com vista a alcançar o mercado Norte-Americano, do que os portos do Norte de Espanha. É óbvio que isto é uma visão simplista sobre o modelo de investigação operacional que terá sido aplicado, mas dizer que a Autoeuropa veio para Portugal por causa dos custos da mão-de-obra, ainda o é mais.

A seguir vais dizer que, o principal factor de a Autoeuropa ter ganho a produção do último modelo volkswagen, se deve ao facto de os trabalhadores alemães, se terem recusado a baixar os seus salários (ou regalias), o que tornava a produção do modelo na Alemanha, inviável. E é verdade! Pontualmente há casos em que o nivel salarial pode ser factor de decisão preponderante. Mas a seguir, terás também de analisar a deslocalzação da produção da Opel para Espanha (onde os niveis salariais são muito mais altos).

Apontar, perante o mundo e mais ainda perante o "gigante chinês" (local de eleição para quem quer produzir com baixos niveis salariais), como factor de vantagem comparativa de Portugal, os baixos niveis salariais, é mesmo não ter noção daquelas que serão as sementes do desenvolvimento dos países do velho continente, durante o Seculo XXI.

Andamos (pelo menos desde 1977) a falar da necessidade de apostar na formação profissional, na produtividade, na qualidade dos trabalhadores e do ensino, de maneira a recuperar do atraso a que fomos forçados desde as guerras liberais, mas o facto é que 30 anos (???????... só????), de políticas descoordenadas, não conseguiram sortir os efeitos desejados.

Portugal continua a ser um pais de gente pequena, que pensa pequeno, que só toma medidas de curto prazo.

Quando um alto representante de Portugal, se comporta assim, só nos resta ficar tristes e resignados, pois ele é um exemplo da população que o elegeu.

Mas é apenas a minha opinião, e eu não tenho nenhum poder de influência sobre estas coisas.

Sou como todos nós: barafusto, barafusto, e quando a coisa aperta mais: emigro (pois o sistema político está de tal modo minado, que nem sequer vale a pena tentar contribuir para a mudança)

Sou Português, choro de alegria quando oiço o hino nacional e vejo a nossa bandeira nacional a subir ao mais alto dos mastros. E estou triste quando vejo o meu país a ser representado desta maneira. Peço desculpa por ser assim.

 

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