10 de Outubro - Dia Mundial Contra a Pena de Morte
«Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio. A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos.»
Victor Hugo, 1876, a propósito da abolição da pena de morte em Portugal
Victor Hugo, 1876, a propósito da abolição da pena de morte em Portugal
Hoje, dia 10 de Outubro, comemora-se o dia internacional contra a pena de morte.
Portugal foi o primeiro país da Europa a abolir a pena de morte, tendo acontecido a uma última execução por crimes civis em Abril de 1846 (Lagos) e sendo abolida a pena de morte por crimes políticos em 1852, sob reinado de D. Maria II. Com D.Luís, em 1867, a pena de morte é abolida para todos os crimes, com excepção dos militares, datando apenas de 1911 a abolição total da pena de morte em Portugal. No entanto, esta pena será suspensa na altura da Primeira Grande Guerra Mundial, já que estava consignada a pena de morte em épocas de guerra, datando desta época, pensa-se, a última execução, por traição, da pena de morte.
Só na Constituição de 1976, a pena de morte será abolida por completo e sem excepções, em território português.
Na Europa a pena de morte está abolida em toda a sua extensão, desde a década de 60 e sendo obrigatória a abolição para a entrada na UE. Em Agosto deste ano, depois de declarações por parte de alguns políticos polacos, de extrema direita que estão coligados no poder, e do próprio presidente da Polónia (a Polónia aboliu a pena de morte em 1997 e tem prisão perpétua), que pretendiam um debate sobre a possibilidade do restabelecimento da pena de morte na Europa (para os homossexuais pedófilos), esta questão voltou a assombrar a Europa, ainda que tenha sido imediatamente repudiada. Este caso mostra-nos a fragilidade da democracia que, a qualquer momento, pode ter investidas e alterações que são um retrocesso naquilo que foi conquistado à luz da democracia e da Carta Universal para os Direitos Humanos.
As únicas democracias actuais que ainda mantêm a pena de morte são, como todos sabemos, os EUA e o Japão.
Ainda que seja difícil ter noção exacta de condenações à morte em todo o mundo (os dados oficias são sempre muito aquém dos reais, com excepção dos números oficiais dos estados democráticos), segundo os dados oficiais 94% das execuções relativas ao ano passado estão ao encargo de quatro países: China (entre 1770 – dados oficiais – a 8000), Irão (pelo menos 94), Arábia Saudita (pelo menos 86) e EUA (60).
O último país a abolir a pena de morte foi as Filipinas, em Junho deste ano.
O presidente do Peru, Alan Garcia, enviou, no final de Setembro deste ano, para o Parlamento, um projecto-lei para reintroduzir a pena de morte no país.
10 Comments:
Vai haver novamente pena de morte em Portugal.
Contra inocentes indefesos cujo único crime foi terem sido gerados.
Chamasse liberalização do aborto.
solução... não f****... e prontos... acaba-se com o aborto!... lololol
Sabias que:
Diogo Alves foi um criminoso,que segundo a Enciclopédia Larousse,era natural do Luso,Mealhada.Morreu na forca em 1841,sendo um dos últimos condenados à Pena de Morte. Ele escondia-se no Aqueduto das Águas Livres e, quando alguém passava, agarrava essa pessoa, roubava-lhe tudo o que tinha e, para não ser denunciado, atirava-a do Aqueduto abaixo.
Viveu entre os séculos XVIII e XIX e foi enforcado em 1841.
Que a pena de morte pode não ser a solução é uma verdade, mas que há alguns que a merecem também é uma verdade...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Sou frontalmente contra toda e qualquer lei que permita a punição de quem quer que seja, com a pena de morte ou mesmo com mutilações.
Em primeiro lugar porque são punições irreversíveis.
Em segundo lugar porque estará sempre dependente de juizos de valor de quem têm a fragil e duvidosa capacidade de julgar e decidir.
Não sendo permitido por lei, mimimizam-se os riscos de um erro de juizo ou de abusos de quem tem esse poder de ajuizar.
Além disso, o que faz de nós verdadeiramente humanos e especiais, se punirmos alguém, que por exemplo matou, procedendo exactamente do mesmo modo?
No entanto, o aumento do número máximo de anos de prisão, ou até mesmo a prisão perpétua, para casos muito especiais, não me escandaliza.
Caro vitor ramalho.
Espero que esse tema venha a ser debatido aqui, mas vejo que temos opiniões divergentes.
Mas proponho que este assunto seja falado quando houver algo mais concreto e definido.
Boémio.
O que nos contas é muito interessante.
Que tal um post sobre isso?
Quem somos nós para tirarmos a vida de alguém, mesmo que esse alguém tenha tirado a vida de outrem? Sou e serei sempre contra a pena de morte apesar de me afligir com exemplos como o de SHOKO ASAHARA, fundador da seita AUM SHINRIKYO, que protagonizou o atentado com gás sarin no metro de Tóquio, matando 12 inocentes e atingindo mais de 6.000 pessoas, em plena hora do rush.É ao que chega o fanatismo destas seitas com tendências apocalípticas. Isto dá que pensar...
Lembro que a pena de morte só foi abolida para os crimes de natureza militar na Constituição de 1911.
Não sei onde é que a Larousse foi buscar essa do Diogo Alves ser natural do Luso. Outras fontes referem-no como sendo espanhol "emigrado" em Lisboa.
Os seus crimes, no Aqueduto, ocorridos entre 1836 e 1839, foram argumento para um dos primeiros filmes de ficção rodados em Portugal (estreou em 1911).
O facínora foi executado (enforcado) em 1841. A sua cabeça foi decepada porque uns médicos da época queriam estudá-la para procurar a origem da maldade do "animal". ainda está dento de um frasco de vidro para ser exposta num museu da medicina que está a ser preparado. E mais haveria para dizer... mas fiquemo-nos por aqui, saudando a Lua pela pertinencia do tema abordado no seu post... e dizendo um grande NÃO à pena de morte.
A minha opinião em relação à pena de morte vai de encontro aos mesmos argumentos apresentados pelo Jerico.
Senhor Vítor Ramalho: quando for discutido o tema do aborto na Assembleia, terei todo o prazer de lhe explicar por que razão o seu raciocínio não tem argumentos válidos. De qualquer modo, uma vez que esse tema me é muito caro, não posso reprimir o ímpeto de de lhe dizer uma ou duas coisas:
- primeiro, ninguém falou em liberalização do aborto, mas de despenalização do aborto;
- segundo, a proposta que existe é apoiada em documentos da OMS;
- o córtex cerebral do feto (e não criança, inocente indefeso, pessoa humana, etc), na proposta, nas semanas referidas ainda não está desenvolvido, isto é, há um estado igual à morte cerebral, morte essa que resulta no "desligar da máquina" pelos nossos médicos dando-nos como mortos.
Fica para depois o aprofundar destes pontos e as questões éticas e morais para outra oportunidade em que se fale, neste blog, desta questão (a não ser que faça muita questão de discutir isso agora).
Lua, gostaria me explicasse qual a diferença entre liberalização e despenalização do aborto. Será que na prática não são a mesma coisa?
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