10.1.07

O monte Bussaco (menos polémica)

Num post anterior (mais polémica) o Gato refere a probabilidade do Buçaco ter sido outrora, não a identificação de um monte, mas apenas de um sítio ou lugar circunscrito a uma pequena área, talvez correspondente à actual zona luxuriante da mata.
Tal hipótese baseava-se no facto dos mapas antigos representarem apenas a Serra Alcoba, de grande extensão e que se prolongava até ao Rio Mondego, absorvendo aquilo que hoje chamamos de serra do Buçaco e onde não aparecia qualquer referência ao monte do Buçaco. Também os textos antigos referem-se frequentemente a "cerca" do Buçaco.
Essa hipótese seria plausível até prova em contrário. Mas a prova em contrário existe. Está aqui , data do ano de 1002 e faz referência expressa ao monte do Buçaco. Surge ao identificar a localização do lugar onde se encontra o mosteiro da Vacariça ("sob o monte Bussaco, à beira do rio Mondego, no subúrbio de Coimbra"). Poder-se-á assim deduzir que o Buçaco era um monte (e não o sítio ou o lugar Buçaco), que, juntamente com outros montes, integrava a extensa Serra de Alcoba.

5 Comments:

At 1/11/2007 10:11:00 da manhã, Blogger D'artagnan said...

Jerico

Devo relembrar-te o teu próprio pedido no sentido de serem apresentados documentos originais "sacaneados" (como tu gostas de dizer). Mas, e na convicção de a Dra. Alegria tenha interpretado, como é sua obrigação técnica, o texto original, como propões coordenar esse facto, com o facto de durante os Séculos seguintes, o nome ser outro?

Quando encontramos dois factos que são necessáriamente verdade, temos de encontrar uma explicação lógica, para os conseguirmos integrar na mesma linha histórica. O que propões?

Curiosamente, o texto que descreve o mosteiro da Vacariça, como estando meia légua a Oeste do Lugar de Luso, não usa como referêncial o monte Bussaco. Porquê?

 
At 1/11/2007 10:28:00 da manhã, Blogger Jerico & Albardas, Lda. said...

Não sei se se trata de uma opinião.
O texto reza assim:
(...haveria de ter a sorte de ficar para a posteridade e chegar até nós como o mais antigo registo da existência do lugar e do mosteiro de Vacariça, “sob o monte Bussaco, à beira do rio Mondego, no subúrbio de Coimbra”)
Ora as aspas pressupõem que o texto que integra seja fiel ao que está no documento original. Caso contrário as aspas não fazem sentido.
Mas como não conheço o documento original também não vou insistir.

 
At 1/11/2007 12:29:00 da tarde, Blogger D'artagnan said...

Um pormenor:

À data do acontecimento, não se escrevia em português corrente, mas sim em latim... ou latão, como alguém aqui disse. Sendo assim, a frase não é o texto original, mas sim uma transcrição, feita depois do Sec. XVI, altura em que o português contemporâneo começou a surgir, e se começaram a abandonar os termos medievais e o latim.

É um pormenor que se sobrepõe às aspas. Talvez a Dra. Alegria nos possa esclarecer um dia sobre a fonte da informação.

Touché...

 
At 1/11/2007 09:02:00 da tarde, Blogger lua-de-mel-lua-de-fel said...

Tenho assitido às polémicas etimológicas no blog, mas infelizmente ainda não consegui arranjar um tempinho para me deslocar à Biblioteca Geral de Coimbra, onde residem alguns livros chave para procurar alguma luz sobre o assunto, uma vez que o que tenha confunde mais do que esclarece. No entanto, se bem me lembro do pouco que sei sobre a história da língua, parece um erro radicar tudo no latim, já que os romanos não permaneceram tanto tempo assim em Portugal, devendo também estarmos atentos às influências, por exemplo, celtas, germânicas, etc.. De qualquer modo, o latim deixa de ser "falado" no século X e, no século XIV, é proíbido, oficialmente, o uso do latim, restando apenas o galaico-português.

 
At 1/12/2007 10:54:00 da manhã, Blogger D'artagnan said...

Certo, mas o meu argumento continua válido, uma vez que não era o português da época o que está patente na frase. Mas, partindo do pressuposto que não é uma lenda posta como história, gostaria de conhecer a fonte. Ficamos a aguardar a tua investigação.

 

Enviar um comentário

<< Home