25 de Novembro: Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher

"Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas

Quando amadas, se perfumam

Se banham com leite, se arrumam

Suas melenas

Quando fustigadas não choram

Se ajoelham, pedem, imploram

Mais duras penas

Cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas

Quando eles embarcam, soldados

Elas tecem longos bordados

Mil quarentenas

E quando eles voltam sedentos

Querem arrancar violentos

Carícias plenas

Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Despem-se pros seus maridos, bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho

Costumam buscar o carinho

De outras felenas

Mas no fim da noite, aos pedaços

Quase sempre voltam pros braços

De suas pequenas

Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade

Nem defeito nem qualidade

Têm medo apenas

Não têm sonhos, só têm presságios

Lindas sirenas

Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas

E as gestantes abandonadas

Não fazem cenas

Vestem-se de negro, se encolhem

Se conformam e se recolhem

Às suas novenas

Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas"

Mulheres de Atenas (Chico Buarque/ Ney Matogrosso)

Não obstante algumas significativas mudanças, onde se destaca a chefia de alguns países, o papel da mulher continua como subalterno. Apesar do Direito, das Constituições e da Carta dos Direitos Humanos, muitas são as mulheres que são coagidas diariamente: quer seja às mãos cobardes de quem sobre elas têm poder (económico, físico, moral, psicológico), quer seja por práticas culturais, umas mais esbatidas que outras (da excisão do clítoris - clitoritomia- , lapidação por adultério, escravatura e sistema de dotes aos julgamentos sociais/morais pelos seus comportamentos menos "convencionais"). Escusado será dizer que muitas destas práticas acabam em morte. Escusada será, também, a reflexão, neste post, que pretende dar a falar mais do que fazer ouvir, sobre a história que anima, desde os grandes mitos ao século XXI, a luta, de mulheres e homens, pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. Uma história feita, ainda hoje, de sangue e lágrimas.

O dia 25 de Novembro é reconhecido, pela ONU, como Dia Internacional Pela Eliminação da Violência contra a Mulher e foi escolhido para lembrar a morte das três irmãs Mirabal, "As Borboletas", em 1960, na República Dominicana, mortas pelas mãos da ditadura de Trujillo. (Podemos encontrar a história destas irmãs no livro de Julia Alvarez, No Tempo das Borboletas, existindo, também, um filme, com o mesmo nome, de 2001.)

Apesar do Dia Internacional ser hoje, o simbolismo desta data decorre até dia 10 de Dezembro (data da Declaração Universal dos Direitos Humanos).