26.10.06

As lições do padre Abílio

Há duas semanas atrás, no Jornal da Mealhada, o sr. padre Abílio deu-nos a sua lição de moral sobre o aborto.
Nesta semana e sobre o mesmo tema, decidiu dar-nos uma lição de português com uma catadupa de exemplos que visam iluminar a ignorante plebe, sobre o puro significado da palavra interrupção.
Nessa sequência e quando referiu que "a linguagem portuguesa está (estará) cada vez mais... corrompida", cheguei a temer o recurso a exemplos da nossa língua materna, o latim, e que só parasse no "coitus interruptus".
Conteve-se a tempo.

6 Comments:

At 10/27/2006 09:37:00 da manhã, Blogger Jerico & Albardas, Lda. said...

Um diálogo possível
"- Já terminaste querido?
- Não filha... Só interrompi.
- Ah, que bom, então vamos continuar...
- Sim amor... Retomamos no ponto em que ficámos, amanhã à mesma hora."

 
At 10/27/2006 10:58:00 da manhã, Blogger Vítor Ramalho said...

A questão do aborto não é religiosa nem politica.
De um lado estão os defensores da vida, no outro estão os defensores da morte

 
At 10/27/2006 12:02:00 da tarde, Blogger Jerico & Albardas, Lda. said...

As coisas não são assim tão simples.
Com esse ponto de vista, presumo que também seja contra o aborto de quem engravidou, vitima de violação.

 
At 10/27/2006 06:24:00 da tarde, Blogger Jerico & Albardas, Lda. said...

Caro bafo de bode.
Esse assunto está já legislado e contemplado. Ainda bem.
Mas imagine.
Imagine a sua mulher a ser violada, por um canalha qualquer, que a engravida.
Demore o tempo que quiser, mas imagine-se a viver essa situação.
Aceitava essa gravidez?
Assumia a paternidade desse filho?
Obrigaria a sua mulher a recordar-se todos os dias de algo que a marcará e que ela daria tudo para esquecer?

 
At 10/27/2006 11:10:00 da tarde, Blogger Vítor Ramalho said...

Respondendo à pergunta concordo plenamente com a legislação vigente.

 
At 10/28/2006 02:45:00 da manhã, Blogger Jerico & Albardas, Lda. said...

Quer a favor do sim, quer a favor do não, existem vários argumentos nobres e de grande peso, perfeitamente válidos e compreensíveis.
Tanto a vitória do sim, como a vitória do não, será traduzida numa lei geral, que dará azo a injustiças e abusos que não gostariamos que acontecessem.
É uma daquelas situações em que as leis não abarcam todos os casos possíveis e em que não há soluções que nos satisfaçam plenamente.

Infelizmente há que tomar uma opção. Sim ou não.
Felizmente essa opção será feita sem a pressão de estarmos a viver uma situação real onde qualquer decisão, custa muito a tomar e tem consequências efectivas.
E é nestes cenários possíveis que ninguém está livre de acontecerem no seio das suas famílias, que gostaria que as pessoas se imaginassem e reflectissem ao fazerem a sua opção, para que seja isenta de demagogia e que reflicta aquilo que fariam perante uma situação real. Porque aquilo que os portugueses decidirem agora irá condicionar as decisões e opções que cada pessoa poderá tomar no futuro.

E é exactamente pelo facto desta escolha dividir opiniões e envolver factores e valores muito complexos e variáveis de caso para caso, que entendo que essa opção deve ser do foro pessoal e íntimo de cada um.

Ao votar Não, estaremos a impôr a nossa opinião e valores e a julgar casos que desconhecemos na totalidade, condicionando as opções de escolha de quem vive essa situação real.
Ao votar Sim, estaremos a dar o benefício da dúvida e a respeitar as convicções e valores de quem tem a tarefa, normalmente dolorosa e difícil de ter de fazer uma opção. Seja ela qual for.
É por isso que votarei Sim.

Tenho alguma repugnância pelo aborto.
Sou contra a liberalização do aborto, quando dá cobertura a alguns abusos.
Sou contra a penalização de mulheres por as estigmatizar e por compreender que há casos onde essa era a melhor alternativa.
A actual lei não é perfeita.
A lei proposta também não o será.
No entanto abraçará novos casos e situações, nos quais e sem demagogias, o aborto pode ser uma alternativa tolerável e compreensível.

 

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