As lições do padre Abílio
Há duas semanas atrás, no Jornal da Mealhada, o sr. padre Abílio deu-nos a sua lição de moral sobre o aborto.
Nesta semana e sobre o mesmo tema, decidiu dar-nos uma lição de português com uma catadupa de exemplos que visam iluminar a ignorante plebe, sobre o puro significado da palavra interrupção.
Nessa sequência e quando referiu que "a linguagem portuguesa está (estará) cada vez mais... corrompida", cheguei a temer o recurso a exemplos da nossa língua materna, o latim, e que só parasse no "coitus interruptus".
Conteve-se a tempo.
Nesta semana e sobre o mesmo tema, decidiu dar-nos uma lição de português com uma catadupa de exemplos que visam iluminar a ignorante plebe, sobre o puro significado da palavra interrupção.
Nessa sequência e quando referiu que "a linguagem portuguesa está (estará) cada vez mais... corrompida", cheguei a temer o recurso a exemplos da nossa língua materna, o latim, e que só parasse no "coitus interruptus".
Conteve-se a tempo.
6 Comments:
Um diálogo possível
"- Já terminaste querido?
- Não filha... Só interrompi.
- Ah, que bom, então vamos continuar...
- Sim amor... Retomamos no ponto em que ficámos, amanhã à mesma hora."
A questão do aborto não é religiosa nem politica.
De um lado estão os defensores da vida, no outro estão os defensores da morte
As coisas não são assim tão simples.
Com esse ponto de vista, presumo que também seja contra o aborto de quem engravidou, vitima de violação.
Caro bafo de bode.
Esse assunto está já legislado e contemplado. Ainda bem.
Mas imagine.
Imagine a sua mulher a ser violada, por um canalha qualquer, que a engravida.
Demore o tempo que quiser, mas imagine-se a viver essa situação.
Aceitava essa gravidez?
Assumia a paternidade desse filho?
Obrigaria a sua mulher a recordar-se todos os dias de algo que a marcará e que ela daria tudo para esquecer?
Respondendo à pergunta concordo plenamente com a legislação vigente.
Quer a favor do sim, quer a favor do não, existem vários argumentos nobres e de grande peso, perfeitamente válidos e compreensíveis.
Tanto a vitória do sim, como a vitória do não, será traduzida numa lei geral, que dará azo a injustiças e abusos que não gostariamos que acontecessem.
É uma daquelas situações em que as leis não abarcam todos os casos possíveis e em que não há soluções que nos satisfaçam plenamente.
Infelizmente há que tomar uma opção. Sim ou não.
Felizmente essa opção será feita sem a pressão de estarmos a viver uma situação real onde qualquer decisão, custa muito a tomar e tem consequências efectivas.
E é nestes cenários possíveis que ninguém está livre de acontecerem no seio das suas famílias, que gostaria que as pessoas se imaginassem e reflectissem ao fazerem a sua opção, para que seja isenta de demagogia e que reflicta aquilo que fariam perante uma situação real. Porque aquilo que os portugueses decidirem agora irá condicionar as decisões e opções que cada pessoa poderá tomar no futuro.
E é exactamente pelo facto desta escolha dividir opiniões e envolver factores e valores muito complexos e variáveis de caso para caso, que entendo que essa opção deve ser do foro pessoal e íntimo de cada um.
Ao votar Não, estaremos a impôr a nossa opinião e valores e a julgar casos que desconhecemos na totalidade, condicionando as opções de escolha de quem vive essa situação real.
Ao votar Sim, estaremos a dar o benefício da dúvida e a respeitar as convicções e valores de quem tem a tarefa, normalmente dolorosa e difícil de ter de fazer uma opção. Seja ela qual for.
É por isso que votarei Sim.
Tenho alguma repugnância pelo aborto.
Sou contra a liberalização do aborto, quando dá cobertura a alguns abusos.
Sou contra a penalização de mulheres por as estigmatizar e por compreender que há casos onde essa era a melhor alternativa.
A actual lei não é perfeita.
A lei proposta também não o será.
No entanto abraçará novos casos e situações, nos quais e sem demagogias, o aborto pode ser uma alternativa tolerável e compreensível.
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