Luso e Cultura ( I ): onde?

Acabou h� cerca de tr�s anos (h� mais no Luso) o projecto das bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, que levava com regularidade livros �queles que, por dist�ncia dos grandes centros, n�o tinham acesso � compra e/ou � leitura de obras. De todas as iniciativas que a Gulbenkian assumiu durante todos estes anos, parece-me que este projecto, que durou quarenta anos e educou, pelo prazer de ler, gera��es de portugueses foi o mais feliz e f�rtil patrocinado por esta entidade.
Com (algum) progresso das autarquias, estas bibliotecas tomaram lugar fixo nas sedes aut�rquicas, relegando para segundo plano os que n�o t�m possibilidade de maior mobilidade. Parece ser o caso do nosso concelho, ainda que a Guarda, n�o obstante, tenha mantido esta boa pr�tica.
Mas n�o � este o tema que quero hoje partilhar convosco, ainda que sirva de mote para a reflex�o que aqui pretendo.
Partindo do pressuposto geral de que a cultura � mola impulsionadora de todo o pensamento e progresso humanos, e sem mais delongas, a aus�ncia de uma Biblioteca ou Centro Cultural numa freguesia como a do Luso, onde, apesar de n�o muito grande e o turismo n�o estar no apogeu de outros dias, surge-me como atroz e incompreens�vel.
Os espa�os que temos resumem-se � sala de leitura do Casino e � Biblioteca do Turismo, onde jazem livros que na minha adolesc�ncia devorei. Ainda que haja uma preocupa��o na diversifica��o de autores e algumas obras de refer�ncia, falta-nos um espa�o polivalente com ambiente prop�cio para se estar na tranquilidade que o ritual da leitura requer, sem que isso implique a inexist�ncia de outros recursos que n�o os livros.
A ideia seguida pela Biblioteca Municipal da Mealhada (Gulbenkian) � exemplar como refer�ncia. Tem espa�o para visionamento de filmes, audi��o de m�sica, obras de consulta de boa qualidade, livros tem�ticos e fic��o (estes algo aqu�m das minhas expectativas), computadores recentes (e decentes) com acesso � Internet, sala reservada ao p�blico infantil (livros, jogos e acompanhamento de uma monitora) e uma base de dados, dispon�vel online, que n�o empanca e funciona como poucas.
Haver� outras alternativas, mas surge-me como ideal o devoluto Cine-Teatro. Mais do que recuperar o edif�cio como cinema, penso mais vi�vel um centro onde fosse poss�vel uma mediateca, uma sala de estudo, um pequeno bar, uma biblioteca em condi��es, sala para leitura de jornais (nacionais e internacionais) e revistas, galerias para exposi��o e um espa�o reservado a crian�as, com acompanhamento de uma monitora (no Ver�o).
N�o se trata aqui de complexo algum de superioridade (ou inferioridade, nunca sei muito bem distinguir) com a Mealhada, mas faz-me confus�o que numa localidade tur�stica e com popula��o jovem n�o exista um espa�o destes, � semelhan�a de outros locais.
Uma vez que Portugal est� apostado em criar mais e melhores infra-estruturas e mais-valias tur�sticas (porque finalmente come�amos a compreender que o turismo � uma das nossas t�buas de salva��o), traduzindo-se essa aposta em possibilidade de financiamento (reembols�vel ou n�o) de novos e pertinentes projectos nesta �rea, qual a justifica��o para esta aus�ncia? Pensar-se-� que a cultura � algo de somemos import�ncia? N�o sejamos (ainda mais!) pequenos?
(Fotografia de Sonja Witter)
4 Comments:
Julgavam que a cultura do Luso se ia abaixo com um rev�s....
enganaram-se....
Foram muitos anos a correr atr�s das "ramonas" castanhas da Gulbenkian, para desistirmos � primeira....
At� estamos a pensar em fundar o GDRC (Grupo das ramonas castanhas)... Foi ideia do Sereno... o que acham?
lololololol
Acho muito bem...enquanto n�o vem o resto...Porque vir�
Cara zaza, o objectivo n�o � ganhar dinheiro com este investimento, mas ganhar cidad�os informados, respons�veis e livres. A CMM e a JFL (que devem ser as mentoras deste projecto ou, pelo menos, facilitar um investimento desta �ndole por parte de privados) n�o s�o empresas, mas servi�o p�blico, pagos com os nossos impostos, com o nosso trabalho.
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