Dispersão
Não sei se é algum microclima do Luso, provavelmente consequência da poluição produzida pela fábrica do azeite ou, quiçá, da radioactividade da água, mas parece-me existir uma relação estranha entre o convívio com meretrizes e idas à bruxa (se fui politicamente correcta no vocábulo para as primeiras, devia escrever medium, mas quero evitar a dispersão).
SEMELHANÇAS
As bruxas e as meretrizes fazem parte da história da civilização, com uma ordem de trabalhos diferentes, mas, contudo, com o único objectivo: ajudar o próximo, numa espécie de funcionárias públicas da Psicologia humana, regendo-se pelo princípio do sigilo profissional (daí não passarem recibo). Ambas são ainda uma espécie de portal, que talha a foice a cruel realidade e abre para uma dimensão ficcional apelativa, que dá algum colorido à vida a quem os lápis de cor para enfeitar o quotidiano já acabaram (e não, não têm dinheiro para comprar mais lápis, se tivessem iriam a psicólogos/psiquiatras e tinham amantes): os homens sentem-se, por breves momentos, dependendo da avareza, de novo homens e garanhões (e podem experimentar aquelas “coisas” que viram num filme de quinta categoria, “coisas” às quais as esposas se recusam – ou talvez até gostassem mas eles não queiram acabar com a imagem da (mulher-)mãe-dos-meus-ricos-filhinhos-que-me-lembra-tanto-a-minha-mãezinha); e as mulheres – com as bruxas, obviamente – têm material suficiente para se lamentarem, ad aeternum, do raio do espírito do tio-avô, que lhe estraga a vida, explicando com toda a lógica do mundo o infortúnio nos amores, no trabalho, na maionese que talhou, na vida social e da permanente horrível com que saiu do cabeleireiro (apesar das amigas dizerem que está absolutamente 'fantástico!'). Uma outra semelhança, nestas actividades, é o facto de os clientes irem, geralmente, acompanhados, ainda que por motivos diferentes: eles porque fazem um qualquer pacto de sangue da masculinidade, que também serve de álibi; elas porque precisam (sempre!) que alguém lhes confirme, até à exaustão, os ditos da bruxa.
O OVO E A GALINHA
Mas escrevia, no início deste miserando texto, que parece existir uma qualquer correlação estranha, diria mesmo obscura, entre idas às meretrizes e às bruxas. Nas minhas estatísticas não oficiais de pacotilha, chego à conclusão que, na grande maioria dos casos, os maridos (e também os namorados, ainda que em menor percentagem, por causa da cena do desgaste dos dias, da monotonia, etc., e dessas explicações todas que já sabemos de cor e grassam nas revistas femininas, como se explicar o porquê adiantasse de alguma coisa), os maridos, dizia, das mulheres que vão à bruxa convivem com meretrizes, sendo o inverso também verdade. Como não gosto da ideia de entropia aplicada ao dia-a-dia humano, na eterna busca dos porquês da qual padeço (porque o surreal e o ilógico só têm piada ser formos um Salvador Dali ou um Edgar Allan Poe – e, mesmo assim, é sempre bom sabermos que os nossos objectos não mudam de lugar enquanto dormimos), esta correlação de idas a estes serviços parece ser um ciclo vicioso – análogo à cansativa discussão da origem do ovo e da galinha: por um lado, as mulheres vão à bruxa porque a vida de casadas está um inferno e os maridos vão às meninas; por outro lado, os maridos vão às meninas porque a vida de casados está um inferno e as mulheres vão à bruxa (convenhamos, dizer que se está atormentada pelo espírito do tio-avô não tem nada de eroticamente apelativo).
SEMELHANÇAS
As bruxas e as meretrizes fazem parte da história da civilização, com uma ordem de trabalhos diferentes, mas, contudo, com o único objectivo: ajudar o próximo, numa espécie de funcionárias públicas da Psicologia humana, regendo-se pelo princípio do sigilo profissional (daí não passarem recibo). Ambas são ainda uma espécie de portal, que talha a foice a cruel realidade e abre para uma dimensão ficcional apelativa, que dá algum colorido à vida a quem os lápis de cor para enfeitar o quotidiano já acabaram (e não, não têm dinheiro para comprar mais lápis, se tivessem iriam a psicólogos/psiquiatras e tinham amantes): os homens sentem-se, por breves momentos, dependendo da avareza, de novo homens e garanhões (e podem experimentar aquelas “coisas” que viram num filme de quinta categoria, “coisas” às quais as esposas se recusam – ou talvez até gostassem mas eles não queiram acabar com a imagem da (mulher-)mãe-dos-meus-ricos-filhinhos-que-me-lembra-tanto-a-minha-mãezinha); e as mulheres – com as bruxas, obviamente – têm material suficiente para se lamentarem, ad aeternum, do raio do espírito do tio-avô, que lhe estraga a vida, explicando com toda a lógica do mundo o infortúnio nos amores, no trabalho, na maionese que talhou, na vida social e da permanente horrível com que saiu do cabeleireiro (apesar das amigas dizerem que está absolutamente 'fantástico!'). Uma outra semelhança, nestas actividades, é o facto de os clientes irem, geralmente, acompanhados, ainda que por motivos diferentes: eles porque fazem um qualquer pacto de sangue da masculinidade, que também serve de álibi; elas porque precisam (sempre!) que alguém lhes confirme, até à exaustão, os ditos da bruxa.
O OVO E A GALINHA
Mas escrevia, no início deste miserando texto, que parece existir uma qualquer correlação estranha, diria mesmo obscura, entre idas às meretrizes e às bruxas. Nas minhas estatísticas não oficiais de pacotilha, chego à conclusão que, na grande maioria dos casos, os maridos (e também os namorados, ainda que em menor percentagem, por causa da cena do desgaste dos dias, da monotonia, etc., e dessas explicações todas que já sabemos de cor e grassam nas revistas femininas, como se explicar o porquê adiantasse de alguma coisa), os maridos, dizia, das mulheres que vão à bruxa convivem com meretrizes, sendo o inverso também verdade. Como não gosto da ideia de entropia aplicada ao dia-a-dia humano, na eterna busca dos porquês da qual padeço (porque o surreal e o ilógico só têm piada ser formos um Salvador Dali ou um Edgar Allan Poe – e, mesmo assim, é sempre bom sabermos que os nossos objectos não mudam de lugar enquanto dormimos), esta correlação de idas a estes serviços parece ser um ciclo vicioso – análogo à cansativa discussão da origem do ovo e da galinha: por um lado, as mulheres vão à bruxa porque a vida de casadas está um inferno e os maridos vão às meninas; por outro lado, os maridos vão às meninas porque a vida de casados está um inferno e as mulheres vão à bruxa (convenhamos, dizer que se está atormentada pelo espírito do tio-avô não tem nada de eroticamente apelativo).
UMA TENTATIVA DE AJUDA FEMININA
Como crente acérrima da possibilidade de mudança e regeneração da vida e, por extensão, da humanidade, deixando-me claustrofóbica qualquer espécie de mecanicismo e predestinações, aconselho as mulheres – aos homens não posso aconselhar senão alguma descrição e cuidado com as dst, uma vez que o recurso a meretrizes é sempre a última opção desesperada antes do suicídio – a substituírem as idas à bruxa e a leitura do maravilhoso livro de Laura Santos, “Noiva, Esposa e Mãe” (fica prometido um post sobre esta bíblia de qualquer mulher bem) pela leitura de “A Arte de Amar” de Ovídio – uma espécie de Kama Sutra ocidental -, em boa companhia, enquanto os maridos vão jogar às suecas e às damas: o ponto cruz vai continuar a sair torto, o bolo vai queimar e a permanente vai continuar horrível sem qualquer explicação lógica, mas sempre dá um colorido diferente a mesmidade dos dias (provavelmente, quando o marido der conta de que algo se passa, vá à bruxa, mas se a esposa pode ser atormentada pelo espírito do tio-avô - tio-avô, aliás, que já tinha sido atormentado pelo espírito de D. Afonso Henriques, que, por sua vez, era um espírito atormentado pelo Adão da Eva (daí a péssima relação com o autoritarismo feminino) – o marido pode, perfeitamente, ser atormentado pelo espírito da abóbora da carruagem da Cinderela).
NOTA PESSOAL:
Ontem, quando estava para entrar em casa, estava um sapo na soleira da minha porta. Talvez porque me encheram a cabeça na meninice que um sapo tem um elevado potencial para virar príncipe, não lhe dei um beijo, mas fui gentil ao empurrá-lo com um pau para um baldio perto. Estava eu nesta demanda, quando alguém, depois de eu contar o que se estava a passar, me pergunta se o sapo tinha a boca cosida (suponho que seja cosida e não cozida - o eterno problema das palavras homófonas). Perante o meu espanto genuíno sobre o alcance daquela pergunta, lá me explicou as bruxarias, o mau-olhado e afins, num gozo tremendo pela minha ignorância, ainda que sem perceber que o meu sorriso era sintoma de gratidão por nunca ter ido à bruxa...
13 Comments:
Depois de uma leitura atenta, deixo no ar a questão que realmente importa vermos esclarecida:
O sapo tinha a boca cosida ou não?
Já ouvi dizer que uma terra, para ser cidade tem que ter putas, ladrões e paneleiros.
Bem sabemos que uma terra perto foi recentemente elevada a cidade, logo todo esse séquito teve que aparecer.
O último grupo custou mais, mas com a insistência da classe politica, lá foram perdendo a vergonha e por fim aparecerem.
Pior sorte foi para o segundo grupo, que se viu com uma concorrência aguerrida que não se poupam a esforços para ganhar nova clientela.
Quanto ás bruxas, essas só são um negócio paralelo, que nem faz concorrência, mas preenche novas necessidades do mercado.
Corrijo
O 1º grupo é que tem sofrido concorrência por parte dos que fazem panelas…
Vá pessoal... toda a gente pró baldio á procura do carago do sapo... que pelos vistos não era ADSL, ou não teria de ser empurrado...lolololol...
A perguntita é então a seguinte: se caçarmos o sapo, quem é que o vai engolir???...lolololololllll
future-believer: essa comparação cheira-me a recalcamento...
Jerico e tonel: LOLOLOLOL
Aguenta-te future-believer. Já vi que não caíste nas graças da Senhora Doutora Lua. Vais levar ataque pela certa. Mas tu és dos rijos, não és pá?
Atenção aos bruxedos. Quem te avisa teu Amigo é.
Da-se... e ninguém se preocupa com o coitado do sapito que passou a noite ao relento, sujeito até a ser calcado...brrrrrrrrups... ai... já tá...!
És mesmo muito burro. Já te disse que eu não sou o future-believer, pá.
Então o Homero sabe mais do que eu? É natural pá.Eu não percebo nada. Pois...
Mas este post, não era sobre o carago do sapo???... ninguém explica...
Ainda és do bom tempo, AMBROSIO!!! Tenho imensa pena, mas não te posso explicar nada. Só te quero dizer uma pequena coisita: É a dormir, na caminha, que se aprende muita coisa.
Ambrosio, pá: Eu até gosto de ti, palavra de honra que é verdade, mas desculpa lá, Amigo, não te zangues comigo e por aquilo que te vou dizer: És um pouco ingénuo, mas isso até nem é defeito, é uma virtude.Agora pensa bem, pensa muito bem, pá.
Não te preocupes com o sapo tonel...a esta hora já levou algum beijo...e está bem melhor que nós...lololol...
Além disso, sapos há muitos, tantos que alguns já os engoliram, outros ainda os hão-de engolir...
eheheheh
Oh, mas agora que leio melhor: o senhor Jorge Carvalho está a insinuar exactamente o quê em relação ao Homero Serra, o seu presidente?
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