Bu�acosilv�nia
Eram cinco da tarde e o Sereno descia a encosta do sol. J� se tinha posto noite neste entardecer de Dezembro. Tinha ido dar a sua habitual volta dominical ao Bussaco e, por causa de tentar ver os esquilos, tinha se deixado apanhar pelo crep�sculo. N�o era medricas e por isso, o anoitecer at� surgia como um pequeno orgasmo mental que lhe permitia estimular outros sentidos al�m da vis�o. O cheiro a terra molhada e o som da brisa no cimo dos sobreviventes pinheiros eram como que uma droga para os seus sentidos. Tinha amado aquele peda�o de para�so na terra desde pequeno e estava triste pela sua degrada��o mas, estes pequenos momentos faziam-no sentir de novo aquela sensa��o de descoberta que tivera da primeira vez que ali viera. Era pequeno e mal sabia andar, j� passeava por uma impec�vel floresta de �rvores raras e cheiros intensos. Tinha sido seu pai que o tinha trazido pela primeira vez ao Bu�aco, convencido do impacto que tal passeio causaria no petiz: um intenso sentimento de respeito pela natureza e pela sensa��o de paz por ela causada.
De repente, retirando-o destas recorda��es e racioc�nios, eis que se deu conta de um ru�do atr�s de si. �Um esquilo concerteza!� pensou ele. Mas continuando a sua descida, e j� ao p� da cova da raposa, come�o a ter d�vidas. Era nitidamente o som de um b�pede. De vez em quando notava o som de um trope�o ou o som de um p� que calca solo com um pouco menos de altura que o esperado. Algumas vezes quase esperou ouvir um palavr�o ap�s o trope�o mas... nada! Absolutamente nada! Era como se quem o seguia, mordesse a l�ngua ap�s cada asneira. �Deve estar treinado para esconder os sentimentos!� pensou o Sereno fazendo um sorriso de gozo e continuando.
Chegou ao p� das portas do Serpa e como n�o ia de carro, sabia perfeitamente qual das direc��es tomar: �Vou em frente como de costume!� e come�ou a descer as escadas, passando pelas ru�nas do chafariz (que ningu�m sabe muito bem para que serve), acercando-se do antigo �campo da bola�. �Bons tempos em que as crian�as at� sabiam jogar � bola em cima de pedras!� pensou ele ao ver por entre a luminosidade do crep�sculo, o monte de verduras que tinham invadido o campo. Nisto, o som do vulto que o seguia tornou-se indecentemente evidente para ser ignorado. Era como se um misto de calhau, rolo de madeira e saco de batatas rolasse por uma escadaria abaixo. �Chi�a! Que merda de escadas estas! Ser� que ningu�m cuida disto?� disse uma voz no meio da escurid�o. O Sereno estacou. N�o podia ser ningu�m da zona! Toda a gente sabe o estado miser�vel em que se encontram os caminhos, e j� est� a contar com essas coisas. Voltou para tr�s a correr, pensando em socorrer t�o incauto turista, que se tinha deixado apanhar pela noite do Bu�aco. Agarrando-o por um bra�o, perguntou: �Est� bem? � preciso ter cuidado com isto!... Parte-se facilmente uma perna ou um bra�o!�. �Estava a tentar apanha-lo sem o assustar! Estes caminhos s�o s� para quem conhece! J� me ia perdendo duas ou tr�s vezes!� respondeu o personagem vestido de preto que o Sereno ajudava a erguer-se. �Apanhar-me sem me assustar?? ...Hahahaha! � amigo: eu n�o me assusto assim por qualquer coisita!� respondeu o Sereno. �Mesmo sabendo que eu sou o Conde Dr�cula?!� perguntou o vulto espantado com tamanho sangue frio. �At� podia ser o Lobo Mau! Para mim �-me igual!... Ent�o e o que � que o senhor anda por aqui a fazer?... N�o devia estar pela Transilv�nia?... Ou pelo menos pela Rom�nia?� perguntou o Sereno. �Estou farto de chupar sempre os mesmos sangues e por isso estou a recolher assinaturas para me candidatar �s elei��es aqui! Pelo menos sempre chupo o sangue a outra gente! E ningu�m protesta!!!!... parece que j� est�o habituados!� respondeu o Dr�cula. �Onde � que eu assino? Pelo menos sempre mudamos de ...� disse o Sereno.
2 Comments:
Uffff... tenho mesmo de p�r legendas nesta merda....
Finalmente que algu�m, digno representante da maioria da sociedade lusense se digna vir at� n�s....
Seja, pois, bem-vinda carissima boca foleira na melhor das suas performances...
Se n�o fossem pessoas como voc�, o Luso seria, certamente, um lugar melhor para se viver.
Fa�o minhas as palavras do asdrubal e pergunto-lhe... Mas que raio � que quer para a nossa terra? � de bra�os cruzados que se vai a algum lado?
Seja pelo Luso e n�o contra o Luso...
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